domingo, 10 de agosto de 2014

Menina dos olhos de jabuticaba

Já avisando, nunca comi jabuticaba!

Esses dias eu estava no onibus, lendo Brumas de Avalon e escutando música pelo fone, e vi, uma menina meiga, de cabelos longos e vestido lilas sentar no banco da frente, e ao me ver, muda de banco para sentar ao meu lado. E ela puxa o primeiro oi.
Eu tiro meus fones de ouvido, eu com um sorriso lhe dou um oi.

Ela pergunta se estava lendo, eu disse que sim, e que tinha acabado de começar a ler o livro. "Mas desse jeito você nunca vai acabar esse livro" ela disse da forma mais meiga que existe. Eu ri. Ela me contou que tem um irmão, e ele era muito sapeca " Minha mãe diz que ele é uma peste, e eu sou tranquila". Perguntei a idade de ambos, ele tem 4 anos e ela tem 9 anos, e está na 4ª série.

Ela me mostrou uma colher que havia pegado no chão da UNIVAG, o ponto na qual ela subiu, e disse que ia fazer de dar comida para as bonecas dela, porém ela não tinha boneca. "Você não tem bonecas?" perguntei com um tom de solidariedade e querendo saber mais sobre ela, ela me disse " tenho Bonecas, mas não tenho nenhuma barbie. Minha irmã tinha bastante barbies, só que sumiu tudo! Minha irmã morreu, mas não sei do que ela morreu"

Nesse momento fiquei sem palavras, sem saber o que fazer e o que falar. Perguntei se ela se lembrava ainda da irmã, "Minha irmã morreu quando era pequena, mas eu ainda lembro dela". Ela falou com uma naturalidade que me espantou, uma naturalidade de criança, de não saber o significado da morte, o tão pesar da morte. Infelizmente ela seguiu a avó que estava sentada em outro banco, sozinha, e desceu do ponto.

O quão inocente era essa garota, de não ter medo de nada! De falar da morte com uma naturalidade incrível! Que para ela não faz tanta falta a irmã morta, e sim os brinquedos que a mãe provavelmente doou.

Lembro que uma das reuniões do Grupo de Pesquisa, na UFMT, o Paesse disse que apenas sentimos medo de algo quando esse algo passa a ser conhecido, ou seja, quando somos ignorantes não sentimos medo.

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